Episodes

  • Bruno Maçães: que nova ordem mundial é anunciada por Trump?
    Apr 22 2025

    Em apenas oitenta dias, os pilares da globalização liberal começaram a ruir, minados por quem mais beneficiou dela: os próprios Estados Unidos. Mas será o trumpismo uma ideologia estruturada para refazer o mundo, ou apenas um sintoma de declínio imperial? A Europa vê-se paralisada entre dois polos: a antiga aliança com os EUA — agora hostis — e a ascensão de uma China confiante, que se posiciona como o centro de uma nova ordem global. Num cenário multipolar, o velho continente corre o risco de se tornar irrelevante. A Nova Rota da Seda simboliza esta transição, com a China a assumir o papel de maior investidor global, especialmente no Sul Global. Estaremos perante um novo imperialismo ou uma nova visão da globalização? Bruno Maçães, político e académico, mergulha nas consequências do trumpismo, no papel transformador da China e no colapso da ideia de “Ocidente”. Através da sua experiência internacional e pensamento estratégico, oferece pistas sobre um mundo em mutação — onde a estabilidade do passado já não é garantida.

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    1 hr and 7 mins
  • José Gomes André: Trump tem raízes na história americana?
    Apr 8 2025

    A imagem de Trump com uma coroa, partilhada pela Casa Branca, é apenas simbólica? Ou revela uma mudança de natureza no sistema político americano? Os Estados Unidos são o grande laboratório da democracia liberal — mas até onde resiste essa experiência quando posta à prova pelo fenómeno Trump? Neste episódio do Perguntar Não Ofende, exploramos as tensões entre instituições e populismo, entre legalidade e liderança carismática, num sistema pensado para resistir a tudo, menos talvez ao culto do líder. Com José Gomes André, doutorado em Filosofia Política, analisamos o trumpismo à luz da tradição constitucional dos EUA, o papel do Supremo Tribunal como guardião do equilíbrio de poderes, e refletimos sobre o paralelismo europeu: poderá a UE aspirar a um momento constituinte ou estará refém do seu próprio modelo tecnocrático? Uma conversa sobre democracia, federalismo e os desafios do nosso tempo.

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    1 hr and 16 mins
  • Ricardo Paes Mamede: que política económica poderemos debater nesta campanha?
    Mar 20 2025

    Fazendo o balanço possível das opções económicas e fiscais do governo, passando os olhos pela crise da habitação e procurando as continuidades num país que, com três eleições em quatro anos, viu a sua economia crescer ao dobro do ritmo da zona euro. E falaremos do que mudou, para Portugal e para a Europa, com a chegada de Trump à Casa Branca, o início de uma guerra tarifária que não sabemos ao certo até onde nos levará e decisão da Europa se rearmar, dirigindo para aí os investimentos públicos. Para passarmos em revista os debates que poderíamos ter nos próximos meses, recebemos Ricardo Paes Mamede, economista, diretor da Escola de Tecnologias Aplicadas, doutorado pela Universidade Bocconi e docente, desde 1999, nas áreas da Economia Política Internacional, Política Industrial e de Inovação e Avaliação de Políticas. Foi membro do Conselho Económico e Social, coordenador do núcleo de estudos e avaliação do Observatório do QREN e diretor de Serviços de Análise Económica e Previsão do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia. Antes de tudo isto, é uma voz lúcida e heterodoxa no debate publico sobre política económica.

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    1 hr and 16 mins
  • Ana Sofia Antunes: a deficiência ainda é motivo para humilhação e insulto?
    Feb 25 2025

    A deputada Diva Ribeiro, do Chega, reagiu a uma intervenção de Ana Sofia Antunes, dizendo que era curioso que a deputada do PS só conseguisse intervir em assuntos que envolve, infelizmente, a deficiência. Rita Matias voltou à quadra, tentando associar a deputada a uma política identitária, que faria os deputados negros falarem de racismo, os portadores de deficiência sobre deficiência e por adiante. Dá-se o pormenor de, em 15 intervenções que Ana Sofia Antunes fez nesta legislatura, aquela ter sido a primeira sobre deficiência, apesar de, tendo sido secretária de Estado da Inclusão, seria normal que assim não tivesse acontecido. Ana Sofia Antunes é advogada de profissão e foi secretária de Estado da inclusão nos vários governos de António Costa, o que fez que, apesar de ter sido eleita deputada em 2019, só tenha exercido o cargo a partir desta legislatura. Apesar da afirmação do Chega e do seu percurso na defesa dos direitos das pessoas com deficiência, as suas intervenções no parlamento não têm sido sobre este tema, mas sobre imigração e segurança, assuntos que até têm estado na ordem do dia e a que o Chega dá bastante atenção, não lhe tendo seguramente passado desapercebidas as intervenções da deputada.

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    1 hr and 19 mins
  • Rui Costa Lopes: como é que os portugueses veem os imigrantes?
    Jan 7 2025

    Quis a sorte ou azar que, no momento em que a imagem de uma rua do centro de Lisboa com muitas dezenas de imigrantes encostados à parede se tornou viral, fosse conhecido o Barómetro sobre as perspetivas dos portugueses em relação à imigração, da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Uma medida um pouco mais científica sobre as perceções dos portugueses. Quando o estudo foi conhecido, o ministro da Presidência António Leitão Amaro disse que concordava com o juízo feito pelos portugueses sobre as políticas públicas de imigração. Um juízo que se baseia em vários erros de perceção. E que o debate público que pretende responder a estas precessões pode estar a reforçar. É para esmiuçarmos este barómetro que temos, connosco, o coordenador deste trabalho e um dos seus autores. Rui Costa Lopes é psicólogo social, com pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais, onde é investigador, sobre o fenómeno do preconceito racial e a influência das normas sociais na sua emergência.

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    1 hr and 14 mins
  • Ricardo Dias Felner: e se a cozinha portuguesa não for assim tão boa?
    Dec 23 2024

    Os portugueses até podem suportar que se diga que os seus descobrimentos foram, em grande parte, uma história de crimes que deixou como grande legado a maior transferência populacional forçada intercontinental. Até podem suportar que insultem Vasco da Gama ou Cristiano Ronaldo. Haverá sempre alguns, mesmo que sejam uma minoria, que acompanharão estas críticas. O que os portugueses não aceitam, e aqui o consenso aproxima-se da unanimidade, é que ponham em causa a sua gastronomia. Em julho de 2015, houve quem dissesse pior do que isso. Alguém se atreveu a escrever que a nossa cozinha era mesmo a pior do mundo. O conhecido crítico britânico de restaurantes Giles Coren escrevia, no “The Times”, a maior ofensa que um português pode ouvir. A reação dos leitores portugueses foi semelhante a um tsunami de ódio, deixando insultos e até ameaças de morte. No Twitter, Coren até perguntou se havia algum dispositivo para silenciar, naquela rede, um país inteiro, tal a dimensão viral da indignação. Cinco anos depois, quando o jornalista Ricardo Dias Felner escreveu, aqui no Expresso, um texto com um título provocatório: “E se a cozinha portuguesa não foi a campeã do mundo?”. De forma racional, desapaixonada e rigorosa, ajudava a desmontar alguns mitos sobre o que comemos. E, acima de tudo, sobre o que os estrangeiros acham do que comemos. Sim, é verdade, não adoram. A maioria acha a nossa gastronomia apenas moderada ou razoável. Poucos veem a Portugal por causa dela. Muito acham pouco variada, sensaborona, pouco atrativa. Ela está ausente de quase todos os rankings internacionais. Porque a vendemos mal. E provavelmente vendemo-la mal porque, com a boca cheia de orgulho, achamos que se chega a si mesma. É Ricardo Dias Felner o convidado do último episódio do Perguntar Não Ofende em 2024, a abrir o apetite para a consoada.

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    1 hr and 22 mins
  • Vasco Lourenço: para que serve esta comemoração do 25 de novembro?
    Nov 25 2024

    O coronel Vasco Lourenço tem 82 anos, é presidente da Associação 25 de Abril, ator e autor central do 25 de novembro. Um dos principais obreiros do 25 de novembro recusa a equiparação com o 25 de abril e não aceitou estar presente na sessão solene de hoje. Diz que esta é a festa dos que também foram derrotados nesse dia, que queriam transformar numa vingança e num retrocesso. O presidente da Associação foi uma das principais figuras do próprio 25 de novembro. Membro da chamada ala moderada do MFA, foi um dos nove do grupo dos nove, liderança política do golpe ou contragolpe (conforme o ponto de vista). A sua escolha para comandante da Região Militar de Lisboa, substituindo Otelo Saraiva de Carvalho, foi o gatilho dos acontecimentos. E teve um papel político e militar absolutamente central naqueles dias.

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    1 hr and 22 mins
  • No Zambujal, com Tibunga: de regresso à cidade invisível
    Nov 15 2024

    Veja aqui a reportagem fotográfica

    No dia do funeral de Odair Moniz, uma jornalista de uma televisão fez um direto, do bairro do Zambujal, dizendo que a paz quotidiana tinha regressado. No entanto, para que os telespetadores reconhecessem de onde falava, escolheu, como cenário, uma paragem de autocarro destruída. Se as palavras eram sobre um bairro que levava um dos seus a enterrar, a imagem era sobre os tumultos. Foi assim durante 15 dias: nós, os da cidade da lei, a olhar assustados, irados ou compreensivos, para eles, os da cidade invisível, para roubar uma expressão de um programa de rádio de António Brito Guterres. A polémica que veio depois, com um autarca socialista a defender regras inconstitucionais para os bairros sociais, resume ainda melhor o sentimento: a maioria da população acredita que a lei não serve para a vida destas pessoas. Que elas não as cumprem, que o Estado não tem de as cumprir. Que têm de ser mantidos na ordem, nada mais.

    Alguns discursos mais cuidadosos ou até bem-intencionados preferiram distinguir, no Bairro do Zambujal e em todos onde houve tumultos resultantes de mais uma morte às mãos da polícia, uma minoria criminosa de uma maioria ordeira e trabalhadora. A realidade é capaz de ser mais complicada quando se cresce com falta de quase tudo. Não que a escola e a casa não existam. Falta o que permite romper com o ciclo de exclusão que este território determina.

    A exclusão ficou evidente no próprio debate, feito sobre o bairro, mas exclusivamente fora do bairro. Apesar de haver associação de moradores e outras organizações de autorrepresentação, as pessoas que vivem nestes bairros são excluídas do debate público. Elas são o problema, não agentes das suas vidas.

    Nas palavras de Ventura, a “bandidagem”, nas dos seus opositores, as “vítimas”. Mas nunca sujeitos da sua própria vontade. Não serve isto para desmerecer quem fala, porque deve falar, da exclusão dos outros. Apenas para sublinhar como a invisibilidade faz parte das regras do jogo. Os moradores dos bairros sociais são vistos ou como um problema de segurança, ou como um problema social, nunca como um problema democrático, na medida em que têm sido excluídos do direito à cidade e à palavra.

    Com os meios que tenho, tentarei fazer o que acho faltar: dar alguma palavra ao Bairro do Zambujal. O modelo será semelhante ao que usei com o António Brito Guterres, na antiga Curraleira. O António estará, aliás, connosco nesta viagem a mais um bocado da cidade invisível. Mas o guia principal não será, desta vez, ele. Será Cláudio Gonçalves, que também usa o nome de Tibunga. Nasceu no Bairro da Cova da Moura, cresceu fora daqui e faz parte da Associação de Moradores do Zambujal. Tem 29 anos, é modelo internacional e as oportunidades que agarrou não resultaram das saídas que o bairro tinha para lhe oferecer. Nas duas próximas horas, estaremos no bairro. Não para filmar tumultos, mas para ouvir os cidadãos que aqui vivem. Bem-vindos ao Zambujal, de que só voltarão a ouvir falar nas televisões quando acontecer outra tragédia.

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    1 hr and 30 mins
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